Certa tarde, sem motivo concreto ou fato que me colocasse em conflito pessoal, comecei uma pequena análise mental a beira da faixa de pedestres. Percebi que dentre todas as fobias que me pertencem, a que mais me provoca sentimentos ruins é a de atravessar a rua. De fato, sei chegar ao outro lado, porém ainda não aprendi a fazer isso sem apreensão. Mas, pensando profundamente, diria que esse é o grande mal da humanidade, poeticamente falando: a fobia de atravessar o desconhecido.
De nossos passos temos certeza, de onde queremos chegar, grande parte das vezes, também, “como” e se de fato chegaremos é a grande dúvida.
Se fosse apenas isso, seria simples: apenas a dúvida. Mas o que nos é posto no caminho, sejam pessoas, obstáculos ou motivação, também influi no tempo e na maneira que chegaremos ao destino. E querendo ou não, ainda não caminhamos sozinhos. Dentre passos longos ou curtos, apressados ou arrastados, é preciso aprender a percorrer dentre muitos, que tentam chegar a frente, que buscam nos derrubar, ou que apenas tentam andar ao lado.
Diante de tudo isso, sempre relutei, pois por incrível que pareça, atravessar a rua acompanhada sempre me causou sentimentos muito incertos. Trouxe sempre um medo de pisar em falso ou ser deixada para trás, desconfiança que me fez preferir andar no meu tempo, passo a passo. E em um relutante e controverso desejo, tentei caminhar sozinha, sem saber que no fim das contas, andar ao lado não significa nada se não pudermos dar as mãos.
Para os menos românticos, explico: nosso sucesso em chegar ao outro lado, não depende apenas de quantos passos daremos, ou se estaremos acompanhados, mas igualmente de quantos buracos há em nosso caminho, se caso tropeçarmos alguém vai nos auxiliar e a boa vontade do motorista em não furar o sinal.


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